Decidir não é algo simples! Entender os processos de tomada de decisão também não é algo nada fácil (para um resumo bem rápido, ver este breve apanhado das teorias existentes). E quando a gente descobre que as instituições impactam seriamente nas nossas decisões, e, por elas são impactadas, a complexidade aumenta ainda mais.
Instituições importam nas nossas vidas. Mas um grande problema em entender as instituições está relacionado com a diversidade de situações que encontramos na vida contemporânea. Enfrentamos muitas mudanças (sutis e nem tão sutis) de uma situação para outra, apesar das variáveis contextuais serem as mesmas. Esses fatores institucionais e culturais afetam nossas expectativas sobre o comportamento dos outros, e as expectativas deles em relação ao nosso comportamento.
Foi com essa percepção que a Professora Elinor Ostrom (Prêmio Nobel de Economia de 2009) levantou, em seu magistral livro de 2005 (Understanding Institutional Diversity – Entendendo Diversidade Institucional), as seguintes questões:
A tese que a Profa. Ostrom defende ao longo do livro é para dar um categórico sim a estas questões. Segundo ela, a diversidade de comportamento social que nós observamos em escalas múltiplas é construída por componentes universais organizados em muitos níveis. Em outras palavras, sempre que indivíduos independentes são pensados como agindo de uma maneira organizada, várias camadas de componentes universais criam a estrutura que afeta seus comportamentos e os resultados que eles alcançam. E o arcabouço, ou teoria, que ela desenvolveu em resposta àquelas questões ela denominou por “Institucional Analysis and Development – IAD” (Análise e Desenvolvimento Institucional).
Essa estrutura que afeta o comportamento dos indivíduos e os resultados que eles alcançam está relacionada com as instituições. Instituições, amplamente definidas pela Profa. Ostrom, são as prescrições que os humanos usam para organizar todas as formas de interações estruturadas e repetitivas, incluindo aquelas no seio das famílias, vizinhanças, mercados, empresas, ligas de esportes, igrejas, associações privadas e governos de todas as escalas (*). Indivíduos interagindo dentro de situações estruturadas por regras enfrentam escolhas que dizem respeito a ações e estratégias que eles tomam, levando a consequências para eles e para os outros.
Em função do amplo espectro de assuntos a serem tratados para lidar com as tais “situações estruturadas”, a Profa. Ostrom escolheu um nível de foco, que ela chamou de “action arena” (arena de ação), onde os participantes e a situação da ação interagem à medida que eles são afetados por variáveis exógenas (pelo menos no tempo da análise neste nível) e produzem resultados que, por seu turno, afetam os participantes e a situação da ação.
Arenas de ação existem no lar; na vizinhança; nos conselhos locais, regionais, nacionais e internacionais, nas empresas e mercados, e nas interações entre todas aquelas arenas com outras. Para a Profa. Ostrom, a maneira mais agregada e mais simples de representar quaisquer dessas arenas, quando elas são o nível focal da análise, é mostrada na Figura 1 à frente, onde variáveis exógenas afetam a estrutura de uma arena de ação, gerando interações que produzem resultados.
Na próxima parte desta newseletter mostraremos como a Profa. Ostrom “desempacota” a Figura 1 apontando como as regras compõem as variáveis exógenas que vão afetar a estrutura da arena de ação!
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre regras de decisão, não hesite em nos contatar!
(*) Instituições para os economistas são coisas como direitos de propriedade, estabilidade política, sistema jurídico crível, governos honestos, mercados competitivos e abertos, famílias, etc.