Regras de Decisão (Parte 1)

18 20Decidir não é algo simples! Entender os processos de tomada de decisão também não é algo nada fácil (para um resumo bem rápido, ver este breve apanhado das teorias existentes). E quando a gente descobre que as instituições impactam seriamente nas nossas decisões, e, por elas são impactadas, a complexidade aumenta ainda mais.

Instituições importam nas nossas vidas. Mas um grande problema em entender as instituições está relacionado com a diversidade de situações que encontramos na vida contemporânea. Enfrentamos muitas mudanças (sutis e nem tão sutis) de uma situação para outra, apesar das variáveis contextuais serem as mesmas. Esses fatores institucionais e culturais afetam nossas expectativas sobre o comportamento dos outros, e as expectativas deles em relação ao nosso comportamento.

Foi com essa percepção que a Professora Elinor Ostrom (Prêmio Nobel de Economia de 2009) levantou, em seu magistral livro de 2005 (Understanding Institutional DiversityEntendendo Diversidade Institucional), as seguintes questões:

  1. Nós podemos investigar mais profundamente a imensa diversidade de interações sociais regulares em situações nos mercados, nas hierarquias (ou seja, nas empresas – grifos nossos), nas famílias, e em outras situações, para identificar os blocos fundacionais universais usados na construção todas essas estruturadas situações?
  2. Se sim, quais são as partes componentes subjacentes que podem ser usadas para construir teorias úteis do comportamento humano no leque diverso de situações em que os humanos interagem?
  3. Nós podemos usar os mesmos componentes para construir uma explicação para o comportamento em um mercado de commodities da mesma forma que usaríamos para explicar o comportamento em uma universidade, uma ordem religiosa, um sistema de transporte, ou uma economia pública urbana?
  4. Nós podemos identificar os múltiplos níveis de análise necessários para explicar as regularidades em comportamento humano que nós observamos?
  5. Há alguma maneira das análises da solução de um problema local ser analisado usando um similar conjunto de ferramentas como solução de um problema no nível nacional, ou internacional?”

A tese que a Profa. Ostrom defende ao longo do livro é para dar um categórico sim a estas questões. Segundo ela, a diversidade de comportamento social que nós observamos em escalas múltiplas é construída por componentes universais organizados em muitos níveis. Em outras palavras, sempre que indivíduos independentes são pensados como agindo de uma maneira organizada, várias camadas de componentes universais criam a estrutura que afeta seus comportamentos e os resultados que eles alcançam. E o arcabouço, ou teoria, que ela desenvolveu em resposta àquelas questões ela denominou por “Institucional Analysis and Development – IAD” (Análise e Desenvolvimento Institucional).

Essa estrutura que afeta o comportamento dos indivíduos e os resultados que eles alcançam está relacionada com as instituições. Instituições, amplamente definidas pela Profa. Ostrom, são as prescrições que os humanos usam para organizar todas as formas de interações estruturadas e repetitivas, incluindo aquelas no seio das famílias, vizinhanças, mercados, empresas, ligas de esportes, igrejas, associações privadas e governos de todas as escalas (*). Indivíduos interagindo dentro de situações estruturadas por regras enfrentam escolhas que dizem respeito a ações e estratégias que eles tomam, levando a consequências para eles e para os outros.

Em função do amplo espectro de assuntos a serem tratados para lidar com as tais “situações estruturadas”, a Profa. Ostrom escolheu um nível de foco, que ela chamou de “action arena” (arena de ação), onde os participantes e a situação da ação interagem à medida que eles são afetados por variáveis exógenas (pelo menos no tempo da análise neste nível) e produzem resultados que, por seu turno, afetam os participantes e a situação da ação.

Arenas de ação existem no lar; na vizinhança; nos conselhos locais, regionais, nacionais e internacionais, nas empresas e mercados, e nas interações entre todas aquelas arenas com outras. Para a Profa. Ostrom, a maneira mais agregada e mais simples de representar quaisquer dessas arenas, quando elas são o nível focal da análise, é mostrada na Figura 1 à frente, onde variáveis exógenas afetam a estrutura de uma arena de ação, gerando interações que produzem resultados.

Na próxima parte desta newseletter mostraremos como a Profa. Ostrom “desempacota” a Figura 1 apontando como as regras compõem as variáveis exógenas que vão afetar a estrutura da arena de ação!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre regras de decisão, não hesite em nos contatar!

(*) Instituições para os economistas são coisas como direitos de propriedade, estabilidade política, sistema jurídico crível, governos honestos, mercados competitivos e abertos, famílias, etc.

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