Um dos mais produtivos acadêmicos na Ciência Econômica, Daron Acemoglu, do Depto. de Economia do Massachusetts Institute of Technology – MIT, nos EUA, acaba de publicar um oportuno artigo, em co-autoria com Pascual Restrepo, do Depto. de Economia da Boston University, também nos EUA, com o título desta newsletter.
Os autores argumentam que o rápido envelhecimento da população tanto nos países desenvolvidos quanto no resto do mundo, mostrado na Figura 1, é visto como uma das mais perigosas doenças econômicas das próximas décadas. Segundo eles, uma crescentemente popular tese vê as economias desenvolvidas como sendo afetadas por uma “Estagnação Secular”, parcialmente porque um envelhecimento da população cria um excesso de poupança relativa aos investimentos.
Um diferente, mas relacionado desafio é enfatizado pelo Prof. Robert Gordon (EUA), que identifica a mudança demográfica como o primeiro “vento contrário” que está diminuindo o crescimento econômico no mundo desenvolvido, porque uma população mais velha irá reduzir a participação da força de trabalho e a produtividade.
Apesar de ambas perspectivas implicarem que países atravessando envelhecimento mais rápido devem sofrer mais com esses problemas econômicos, os autores mostram que desde os anos 1990s ou 2000s, os períodos comumente vistos como o começo dos efeitos adversos do envelhecimento na maioria dos países desenvolvidos, não há associação negativa entre envelhecimento e diminuição do PIB per capita.
A Figura 2 vislumbra o padrão relevante ao mostrar a correlação bruta entre a mudança no PIB per capita entre 1990 e 2015 e a mudança na taxa da população acima de 50 anos para a população entre as idades de 20 e 49 anos. Os autores apontam que mesmo quando eles controlam o PIB per capita inicial, a composição demográfica inicial e as tendências diferenciais por região, não há evidência para uma negativa relação entre envelhecimento e PIB per capita; ao contrário, a relação é significativamente positiva em muitas especificações.
Logo, o que explica esta surpreendente constatação? Os autores ainda apontam que a era pós 1990s coincide com a chegada de um leque de tecnologias substitutivas de trabalho, como robótica e inteligência artificial, que provêm uma ampla variedade de opções para empresas para automatizar o processo de produção. Sendo assim, eles mostram em primeiro lugar que países atravessando mudança demográfica mais rápida são mais prováveis de adotar robôs; em segundo lugar, apontam que quando o capital é suficientemente abundante, uma escassez de trabalhadores mais jovens e de meia-idade pode disparar muito mais adoção de novas tecnologias de automação, de modo que os efeitos negativos da escassez de trabalho poderiam ser completamente neutralizados ou mesmo revertidos.
Este é um primeiro grande alento para os formuladores de políticas públicas que veem o envelhecimento não como uma questão de “doença econômica”, mas como um novo patamar de oportunidades gerado por uma das mais importantes mudanças deste século 21. Na medida em que a expectativa de vida ao nascer aumenta globalmente, encarar o envelhecimento como uma oportunidade e não como uma “doença” é algo bastante alvissareiro, particularmente para países como o Brasil, que precisa aprender com essa nova realidade!
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre o impacto do envelhecimento na economia, fique a vontade para nos contatar!