A mentalidade da tecnologia acima daquela de negócios (Parte 1)

37 15Inovação é uma palavra chave nos negócios nos dias atuais.  Muitas empresas, organizações e instituições se declaram inovadoras, ou que realizam inovações.  A questão que muitos se colocam é: como avaliar, e mensurar, se a empresa está sendo verdadeiramente inovadora?

Um argumento que vem conquistando adesão nos últimos tempos é o de que a empresa, organização ou instituição deve possuir (ou estar impregnada por) uma “cultura inovadora”, e não somente desenvolver aqui acolá um produto, processo ou serviço inovador.  Mas como avaliar se tal empresa tem uma “cultura inovadora”, ou, como impregnar/promover uma cultura verdadeiramente inovadora?

Muito se tem escrito e comentado a este respeito. No entanto, infelizmente ainda são muito poucos os bons estudos que tratem desta questão em profundidade.  Um que nós podemos destacar é a tese de doutorado de Philipp Herzog, intitulada Open and Closed Innovation: Different Cultures for Different Strategies”, defendida no Institute of Business Administration at the Department of Chemistry and Pharmacy, Center for Management (CfM), University of Münster, Alemanha, e que foi publicada como livro pela Gabler Verlag numa primeira edição em 2008, e numa segunda edição em 2011.

Para tratar das diferenças entre o modelo de inovação fechada (modelo tradicional na maioria das empresas) e o modelo mais recente de inovação aberta (para mais detalhes sobre este tema aqui neste espaço, ver a newsletter de 13/11/2011), Herzog desenvolveu um capítulo especificamente dedicado à cultura da inovação.  Apesar desta newsletter já ter referido a este assunto (ver newsletters de 30/10/2011 e de 06/11/2011), naquelas duas ocasiões não tivemos a oportunidade de destacar um aspecto crucial da cultura da inovação: a mentalidade voltada à análise dos negócios, ou a cultura orientada aos negócios!

No livro do Herzog, depois de conceber a cultura corporativa como um “iceberg” (com práticas empresarias sendo a parte mais visível, e normas e valores básicos compartilhados como aquilo que é menos percebido), ele parte de uma tipologia da cultura corporativa (com destaque às culturas mecanicista e orgânica) e estabelece um contraste entre esta orientação (se mecanicista ou orgânica) e o seu foco (se voltado para o ambiente interno ou para o ambiente externo), dando assim origem às culturas de clã e hierarquia (no foco interno) e de adhocracia e mercado (no foco externo). 

Tendo como base a cultura corporativa, Herzog passa a identificar (a partir do “iceberg” da cultura corporativa) o que seria a cultura de inovação, desenvolvendo o que ele denominou de “construtos orientadores” relacionados com inovação, ou “mentalidades orientadoras”, ou “facetas” da cultura inovadora. Neste sentido, ele aponta que existe a mentalidade “orientada ao mercado”, a mentalidade “orientada à tecnologia”, a mentalidade “orientada ao espírito empreendedor”, e a mentalidade “orientada ao aprendizado”.

Para cada uma destas “facetas”, Herzog identifica algumas poucas características mais proeminentes.  Por exemplo, ele destaca que enquanto uma orientação voltada ao mercado enfatiza a filosofia “market pull” (puxada pelo mercado) da inovação, ser orientado à tecnologia se assemelha ao enfoque “technology push” (empurrado pela tecnologia).

A questão que fica em aberto é a seguinte: o que acontece quando uma “faceta” ou “mentalidade” da empresa passa a dominar sua cultura inovadora? Em outras palavras, o que acontece se a empresa está “impregnada” pela mentalidade “orientada à tecnologia”, e como isso afeta, marcadamente, as orientações voltadas ao espírito empreendedor e ao mercado?

Na segunda parte desta newsletter vamos defender a hipótese de que a grande maioria das empresas de TICs do Brasil está “impregnada” pela “mentalidade orientada à tecnologia”, em detrimento de uma “mentalidade orientada aos negócios”, e isso tem afetado enormemente o desempenho de nossas empresas neste importante segmento econômico!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre “facetas” da cultura de inovação, não hesite em nos contatar!

 

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